quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Ainda os vejo

Ainda os vejo

Perdi vocês. Se foram como as águas que mataram minha sede, molharam meu corpo e, em correnteza, desceram entre curvas.

Passaram por mim como lua cheia a clarear meu caminho de tantas escolhas. Iluminaram meu rosto, como o sol que me aconchegou de manhã num inverno sozinho.

Fiz parte de um livro manuscrito a várias mãos, em que o fim deu o título, mas aí estão as palavras escritas pra sempre.

Piso o chão frio e nehum calçado parece me proteger. Toco o espinho do corpo e não há mais quem estanque a dor.

Nessa hora em que pareço fincado em raízes profundas de um antigo carvalho, ainda me lembro da natureza singular da sombra que nos proprorcionamos.

Toquei cada flor de nossa vida à espera de um desabrochar final, salvador. Vi ervas daninhas se imiuscuirem em nosso jardim, mas nada abateu seu crescimento.

Não vi suas pegadas muitas vezes. Mas a certeza de seus passos tornava a vida mais confiante pra se caminhar.

Vi jóias de brilho e prata no fundo do poço. Nadamos juntos o incerto destino que nos foi proporcionado.

Agora, a saudade brinda meus olhos com água, a solidão apresenta uma forma aguda, sem cheiro ou cor.

Tentei congelar-nos. Mas me pareceu mais fácil sublimar tudo e vê-los voando, partículas ao ar.

Já me lancei nesse rio. Já senti frio e calor. Já procurei nas florestas suas árvores plantadas.

No fim, pelo menos enquanto a distância nos separa de um pólo a outro, observo aquelas curvas, a profundidade de seu leito, a distância das margens.

Não ficou, queridos, tal qual o pescador satisfeito com suas cheias redes, mais que a vontade de voltar pra casa.

Ainda os vejo e compartilhamos as alegrias de todas as estações.

Encontrei vocês. De manhã, num cantinho aconchegante daquela parte em que mais gostávamos de ficar. Ao lado de todo amor que abraçamos nossas vidas.

E assim é que as coisas estão sendo feitas.

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