sexta-feira, 31 de outubro de 2014

"Brain storm" eleições presidenciais 2014

Fico até agora estarrecido com a campanha destas eleições. Não se trata de defender seus pontos de vista mais, mas de ser julgado por eles, como se vivêssemos em um país de possibilidades apenas unilaterais. Em BH ainda mais. Há uma certa corrente no ar que aceita apenas uma forma de se pensar, que se diz conhecedora dos bens e males do mundo. E, a meu ver, não aceita, definitivamente não aceita, que haja mudança nos quadros, cargos, lugares, ocupados historicamente.

- Dos que falam em mudança, mas não querem mudança:

Incrível a guinada do PSDB à direita. Temas como redução da maioridade penal, da não aceitação dos temas GLBT's, da análise do mercado como único fator de melhoria da sociedade (Como se o mercado quisesse o bem estar das pessoas e não o lucro). Talvez, de forma infantilizada, os tucanos queiram apenas guerrear com os petistas, nada mais. Assim, estando o PT mais à esquerda, não os restou saída a não ser o deslocamento. Tratou-se, entretanto, não de um deslocamento, mas um giro daquele partido. Hoje, o PSDB é o DEM, que era o PFL, que era a ARENA. Talvez por isso o candidato derrotado tenha chamado o golpe militar de 1964 de "revolução". Não conheço, sinceramente, a história do avô do dito, mas considero que foi uma punhalada na história de seu parente falecido, uma vez que Tancredo foi muito marcante na campanha das "Diretas Já".

Mudança pra quem, me pergunto. Tento perceber, por vários meios, além de dados estatísticos (como ver o mundo através de meus olhos, que tentam sentir as coisas do mundo) se houve piora nas condições de vida pra quem já era abastado. Não me parece que isso tenha acontecido. Afinal, o que explica, então, a ferocidade da elite belorizontina contra quem escolheu o 13 nestas eleições? Entendo que uma coisa basicamente: Não é fácil aceitar que há mudanças e que os grupos sociais de antes estão sendo ocupados também por quem nunca esteve por lá. Parece-me meio "Casa Grande e Senzala" mesmo. Quem é ou se identifica com a Casa Grande não aceita que a Senzala mude de lugar, mesmo que muito pouco. Somos ainda uma sociedade muito preconceituosa. E o que é o preconceito além de sentimentos que não entende mudanças, que não aceita o outro com suas próprias verdades?

- Marina Silva:

Dois foram os motivos por não votar em Marina. Creio que a candidata seja meio fundamentalista religiosa. Afinal, mudar sua opinião porque um Malafaia mandou? Sinceramente. Malafaia? Esse cara, pra mim, representa o que há de pior nos neopentecostais: conservadorismo absoluto na análise dos costumes e não aceitação do diferente. Quem alia-se a Malafaia, definitivamente, não tem meu voto.

Outra questão é a independência do Banco Central. Não concordo. Questões de Estado são questões de Estado e não acho que uma visão de mercado vá buscar fins de Estado. Não vão. Importante trabalhar com a iniciativa privada, mas o Estado realiza o bem comum, nem sempre partilhado pelo mercado.

Por fim, aliar-se aos tucanos, Marina? Você acha mesmo que escolheu o lado certo? Por mais que tenha raiva do PT e das pessoas com quem conviveu quando era ministra, há um erro estratégico aí. Seus eleitores queriam estar ao lado do 45? Seus eleitores queriam a nova política, seu maior slogan. Talvez não haja mais recuperação.

- Os caminhos do PT:

Há que ser revista a forma de alianças. Entendo que o PT tenha se aliado à velha estrutura política pra implementar projetos de esquerda. Mas tudo tem um limite. Não há mais espaço pra aguentar o fisiologismo dos partidos da situação. E, se não mudar, as chances se acabarão.

A oposição será ferrenha. A manutenção do "status quo" mostrará suas garras. É hora de mudar o rumo do apoio, pra que o apoio não mude nosso próprio rumo.






quarta-feira, 29 de outubro de 2014

E, agora, me vou...

Nos teus braços e abraços,
Na falta que dói, constrói,
E insiste em estar aqui.
Em dizer que existe.

No dia que passou,
Cercou, mudou, motivou,
E na vida que apareceu
Vocês e eu.

Pra agora, pro dia do adeus,
Vocês e eu.

Somos a história da vida de um,
Em três, vocês e eu.

E, agora, lé me vou.
Marcado, amado, em teus laços.

E, agora, lá me vou,
Sinto seus braços, passos, cansaços.

E, agora, lé me vou.
Um, de uma vida de três.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Copas versus Eleições

Depois do desastre de ontem, já pipocam os comentários:

- Ainda bem que não ganhou. O povo ficaria feliz, sem perceber as mazelas do país.

Ora, não concordei em momento nenhum com isso e tentei me lembrar das copas e das eleicões no Brasil e me vieram algumas coisas à cabeça.

Pra começar, fomos campeões em 1958 e 1962. Assim, o povo deveria estar feliz com o país, especialmente com o João Goulart, depois de 62, mas não foi isso que se viu. Houve um golpe militar dado pela elite brasileira (e governo estadunidense como já mostrado em documentos), mas apoiado pelo povo, pelo menos foi isso que me lembro de ter lido.

Em 1994 fomos campeões e o resultado das eleições confirmou o candidato da situação, FHC, como presidente. Em 1998 perdemos a Copa, mas decidiu-se que a situação, BHC (Sic!), seria mantido no poder. Já em 2002 tornamos a ganhar, mas o presidente eleito foi da oposição, Lula.

Não há relação, a meu ver, de uma coisa com a outra, pelo menos nos exemplos citados.

Há sim a tentativa de usar, intencionalmente, esta derrota acachapante em prol da oposição.

A história mostra que as coisas não se relacionam.


O placar do jogo

Está lá, pronto, determinado, histórico, inesquecível, acachapante. Está lá e me dói as veias e braços, entra por dentro de mim como se perfurasse cada canto meu. Foi ofender minhas fantasias, sonhos, foi deixar-me no limbo, sozinho, mais uma vez.

Há tempos que pensei não mais capaz de passar por isso, mas aconteceu. Arregalam-se meus olhos, baque duro em meu peito. Por quê? Por quê? Pergunta a turba ensandecida. Não merecíamos, não podíamos, não é possível!

Mas está lá e lembraremos pra sempre. Nunca mais se repetirá, nem a nosso favor. Está lá, escrito e doído, forte e humilhante. Foi escrito por nossos medos, nossa parte que teme, nossa parte que não queria. Mas, também, foi escrito por nossa parte bem sucedida, por quem nos espelhamos, esportivamente falando.

Explicações não faltarão, abutres não faltarão, bem intencionados não faltarão.

Mas está lá, escrito, irremediavelmente escrito. Está lá e não me esquecerei.

Minha casa e meus sonhos

 Hoje olhei pras paredes de minha casa. Pensei na melhora, gostei do que fiz. Fiz da parede meu retrato e da lembrança minha busca. Sorri ao...