Quando não cabe palavra no branco silêncio que se apresenta qualquer rabisco para tentar falar das coisas que acontecem é pouco ou inadequado.
E eu quero a reflexão mais completa,a que faça do que se vivencia ou do que se ouve falar um exemplo, uma máxima, uma parábola.Entretanto, estou anestesiado pela perplexidade, afônico.
Sequer, consigo executar a crônica, que fala do dia pela sua superfície do que fora agudo, mas com a beleza sutil de uma poesia entreaberta.
Resumir o dia quando o dia nos dá a difícil tarefa de colocar em linhas a tragédia de fatos inusitados, que ultrapassam mesmo o grau de horror das hecatombes ocorridas há menos e um mês.
Então, será em vão escrever essas linhas, mesmo porque não serão publicadas em jornal de grande circulação para que milhares de pessoas se estarreçam com a maldade humana? Acho que cada um escreve na sua cabeça uma crônica do dia.
Publicar ou não é questão de fazer ou não os outros participarem de suas ideias, ou até mesmo de convocar o contraditório do outro.
Talvez a visão do horrendo para o outro tem algo que pode ajudar a nossa perplexidade a voltar a falar. Outra coisa.
O texto saiu um pouco evasivo mesmo(acho), metalinguístico, me desculpem o termo técnico, sem dar nome, em vez de bois, às dores. Não precisa, vocês já sabem bem.
Hoje a poesia da crônica se escondeu por motivo de luto em algum lugar por trás destas palavras.
Haroldo Lourenço
Bom dia.