Meus sentimentos invadem-me em solidão.
Procuro um pouso tranquilo, mas minhas asas não me levam além de minhas próprias questões. Admito as mudanças, busco-as, mas pareço retroceder ao momento da decolagem.
Ainda em mim, lembro-me dos voos instrutivos de Fernão Capelo, mas não consigo sentir só o vento e simplesmente aplainar. De todo jeito volto e sobrevoo os espaços mais contidos da fazenda, dos meus, dos velhos, de tudo aquilo que me formou.
Em parábolas gráficas, subo e volto, mas sempre em frente, à procura. Embriago-me, deixo a busca que me toca levar a idéia à pena.
Numa cidade de tantos, com quantos ainda ainda compartilharei as doçuras e agruras de apenas me deixar levar?
Sinto só o espectro do "tanto sentimento" do Pessoa e observo o espelho do mar no céu, mas não me sinto princípe. Serão justamente as coisas findas e lindas de Drumond, ou apenas um "Claro Enigma"? "Alea jacta est" ou "pacta sunt servanda", qual a senha pra descoberta da rota?
Deleito-me na cidade fantástica de Macondo, mas, já sério, duvido da existência do gelo. Vou por aí, em asas de liberdade fictícia, mas que deixa meu voo triste e, mais uma vez, solo.
Procuro por pés-de-laranja-lima, mas aquela amizade não me responde mais. E assim no alto da montanha, numa casa bem estranha, procuro explicações.
Sou - e sinto-me assim- o único personagem de minha existência que me pode responder. É duro, meu caro, o plano de voo, sem que se saiba o destino certo e o local de pouso.
Mas não se engane, o sol me toca profundamente, as rajadas de vento me passam por todo o corpo, o espírito não me fecha as portas. Partido, fragmentado, mas forte, bato ainda mais as asas, sinto ainda mais a vontade da descoberta.
E se me vou é porque ainda não encontrei pássaros que trocassem presentes sem presença, é porque sou resistente e levo-me às minhas próprias buscas.
Ainda encontro companheiros que, no alto, irão comigo perpassar cahcoeiras, deixar a água nos molhar e simplesmente sorrir. Viajantes de mundos diferentes, amorais, capazes de definir rotas.
Enquanto isso, meus sentimentos invadem-me e, por muitas vezes, só cerra fileiras comigo a pena.
Mas, olhe lá... Evem o vento...
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